Sarmo 23 dos Mineiros
O sinhô é meu pastô e nada há de me fartá
Ele me faiz caminhá pelos verde capinzá
Ele tamém me leva pros corgos d'água carma
Inda que eu tenha qui andá nos buraco assombrado
lá pelas encruzinhada do demo;
não careço tê medo di nada
a-modo-de-quê
Ele é mais forte que o “coisa-ruim”
Ele sempre nos aprepara uma boa bóia
na frente di tudo quanto é maracutaia
E é assim que um dia
quando a gente tivé mais-pra-lá-do-qui-pra-cá
nóis vai morá no rancho do sinhô
pra inté nunca mais se acabá…
AMÉIM!
Eita nóis...
Fazendo Diferente. É o título que achei interessante para este Blog. Tendo em vista, os momentos que vivemos, onde encontramos uma sociedade inovada, mas carentemente de uma vida diferente; de algo consistente que possa fazer diferença. Nossa sociedade é promíscua e pervertida em todos os seus aspectos. Precisamos brilhar e fazer diferença, pois já dizia Jesus em Mateus 5.14: “Vós sois a luz do mundo...” - É nesse prisma que esperamos que o nosso Blog seja realmente diferente.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
2010/2011
2010/2011
Helci R. Pereira
2011 surgindo, 2010 está sumindo...
No mundo, lá de fora, no nosso,
muito aconteceu, o de sempre:
Guerras...
Tragédias...
Romances...
Incompreensões.
Coisas envolvendo corações,
Mexendo com emoções...
Marcando nosso ser, lá no íntimo.
Alegrias incontidas,
Desejos reprimidos...
Rimos bastante,
Mas, também choramos ...
Momentos de glória
E de frustração, também.
Motivos de euforia,
Igualmente de decepção.
Não compreendemos, às vezes,...
Nem sempre fomos compreendidos.
Acertamos,
Nos equivocamos,
Ofendemos
E fomos ofendidos.
É tempo de perdão,
É tempo de esquecer experiências negativas.
É tempo de lembrar tudo de bom.
Muito fizemos,
Nem sempre resolvemos...
Sofremos e fizemos sofrer...
Vamos começar tudo de novo!
Comecemos o Ano Novo, dando mais amor!!
Helci R. Pereira
2011 surgindo, 2010 está sumindo...
No mundo, lá de fora, no nosso,
muito aconteceu, o de sempre:
Guerras...
Tragédias...
Romances...
Incompreensões.
Coisas envolvendo corações,
Mexendo com emoções...
Marcando nosso ser, lá no íntimo.
Alegrias incontidas,
Desejos reprimidos...
Rimos bastante,
Mas, também choramos ...
Momentos de glória
E de frustração, também.
Motivos de euforia,
Igualmente de decepção.
Não compreendemos, às vezes,...
Nem sempre fomos compreendidos.
Acertamos,
Nos equivocamos,
Ofendemos
E fomos ofendidos.
É tempo de perdão,
É tempo de esquecer experiências negativas.
É tempo de lembrar tudo de bom.
Muito fizemos,
Nem sempre resolvemos...
Sofremos e fizemos sofrer...
Vamos começar tudo de novo!
Comecemos o Ano Novo, dando mais amor!!
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
O Natal Chegou
O natal chegou.
Mais um natal.
Ele para mim é o mesmo, nunca mudou.
Ele é sempre real.
Porque seu espírito é o mesmo, pois nunca retrucou.
Enquanto muitos trocam presentes, festejam,
Eu medito no seu significado, pois ele é muito mais.
Mais de que muitos entendem e vislumbram,
Pois eu penso acima dos tais.
Oro para que o Senhor do natal me ajude,
Ajude a meu irmão também a superar as suas dificuldades.
Pois só vivendo o Senhor do natal eu e você se compreende.
E o ano que vem a nossa esperança é que seremos mais que vencedores:
É o que desejo a você meu amigo e minha amiga(...!)
Que continuemos juntos sempre vislumbrando um novo horizonte.
Pr. Cornélio Gonzaga
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Rev. Caio Fábio Ainda Fala - 27
USE SUA PRÓPRIA VONTADE…
O ensino acerca de Deus como milagreiro e do encontro com Deus como emoção e pirotecnia, tem feito com que quase ninguém mais ache que a sua própria vontade, sua volição, sua decisão, seu querer contra o desejo — tenha o poder de fazer o que Deus manda que seja feito por nós, para o nosso bem, com ou sem emoção.
Assim as pessoas ficam a vida toda pedindo que Deus mostre e faça a Sua vontade em suas vidas!...
Sim, espera-se que Ele mostre Sua vontade [a qual já está revelada; e, por isto, não se precisa perguntar qual seja, e sim apenas realizá-la como bem para nós]; e, também que nos dê um poder sobrenatural [e que nem mesmo seja nosso ou requeira nós participação] — do contrário nenhum de nós se dispõe a levantar, tomar o leito e andar...
Se fosse com os aleijados de hoje Jesus teria que levantar o individuo e forçá-lo a caminhar; pois, sem uma mão de Deus não adianta o mandamento de Deus!
Entretanto, há um poder de vontade no homem que precisa ser exercido até ao seu limite, a fim de que o poder de Deus se manifeste em nós — isto quando nosso poder de vontade e prática se direcionam para a realização da vontade já revelada de Deus como mandamento.
Deus opera em nós o querer e o realizar segundo a sua vontade que opera em nós. Mas é em nós que o poder opera. Portanto, é de nós que deve proceder o exercício de tal vontade de Deus.
Sim, tal poder opera em nós como vontade de Deus engendrada em nós.
Todavia, a vontade de Deus não tem que ser emocionante para ser obedecida.
A emoção de Abraão levando Isaque para o Moriá não era romântica em nada...
Jesus disse:
“Se sabeis estas cosias..., bem-aventurados sois se as praticardes”.
Não se vê Jesus carregando pessoas. Vê-se Jesus curando pessoas e pondo-as para andar.
Mas tem gente que não quer ser curada; e se Jesus lhes disser que estão curadas, e que, portanto, andem, ainda assim dirão: “Senhor, me leva no colo; pois eu não consigo”.
Deus nos deu vontade.
Deus nos deu poder.
Deus nos assiste com o poder da fé.
Mas o homem tem que andar... Tem que se levantar... Tem que querer ser curado para usufruir o poder de Deus como cura.
O ensino do Evangelho impõe que o homem use todos os seus recursos na decisão de fazer a vontade revelada de Deus; seja ela qual for... E se algo me for maior, então, devo saber que terei sempre o poder me transcende, mas, para isto, devo antes ter me posto a caminho, com as forças que me facultarem o ato consciente de obedecer.
Pense nisso!
Nele,
Caio
26 de julho de 2009
Lago Norte
Brasília
DF
www.caiofabio.com
www.vemevetv.com.br
Plantando igrejas entre os Guarani
Preciosos irmãos.
13.12.10
Neste segundo semestre de 2010 participamos junto com um indígena de aldeia Cerrito, do Fórum Brasileiro sobre o Uso das Escrituras em Línguas Indígenas, na cidade de Anápolis – GO. Muitos irmãos indígenas, de diferentes etnias de todo Brasil, também estiveram lá. Durante o fórum houve discussão em grupos sobre temas como tradução, contextualização, plantação de igrejas, músicas étnicas e adoração. Na parte da tarde, ocorriam as oficinas sobre o uso das Escrituras para famílias, crianças, portadores de necessidades especiais, prevenção do uso abusivo de álcool, além de estratégias sobre como usar as Escrituras através da mídia e da alfabetização. Ocorriam também oficinas sobre memorização das Escrituras e sobre princípios de tradução bíblica. Já à noite, havia um tempo de exposição da Palavra, com testemunhos e muito louvor nas línguas indígenas. Foram dias especiais para todos os participantes, e marcante para mim e o Adilson Guarani. As fotos nesta carta são deste fórum.
Ficamos muito contentes em saber do interesse de mais pessoas em ouvir os estudos bíblicos lá na aldeia. Uma pessoa em especial que quero compartilhar é a dona Benilda. Ela é uma pessoa já de certa idade, e com algumas limitações físicas, mesmo assim, todo domingo pela manhã, ela faz uma longa caminha até a casa do Adilson e Vanuíria para ouvir a Palavra de Deus. Louvamos ao Senhor, por que no passado, este era um campo fechado para o Evangelho e hoje as pessoas desejam ouvir a Sua Palavra.
A Auana precisou fazer uma pequena cirurgia por causa de um aparecimento ósseo anormal na sua perna esquerda, que estava afetando seu crescimento. A cirurgia já era esperada e foi realizada sem maiores problemas na cidade de Campo Grande – MS. O que nos pegou de surpresa foi um rompimento do meu tendão de Aquiles direito. Precisei fazer uma cirurgia de urgência. Graças a Deus também foi tudo bem. Agora estamos eu e Auana de botas brancas de gesso. Ela fica livre do gesso antes do natal, eu vou virar o ano de “molho”, e só me livrar perto de fevereiro de 2011.
Por causa de nossa recuperação que implica em retornos médicos, curativos e repouso, tivemos que mudar os planos de retorno para a Aldeia Cerrito. Queríamos fazer isso agora em dezembro, mas adiamos para o início do próximo mês de janeiro.
Outro motivo de louvor é a que a Beth concluiu seu curso técnico de enfermagem. Cremos que este curso poderá ser útil na aldeia, e uma ferramenta estratégica para abrir novos trabalhos em outras tribos no futuro, se assim o Senhor nos permitir.
Finalmente, desejamos um FELIZ NATAL, e que a doce paz de Jesus esteja em seus coração e sua preciosa família! Somos gratos a Deus por você se engajar conosco na Plantação de Igreja entre os Guarani. Esperamos que o ANO 2011 seja de grandes vitórias na Obra de Deus.
Pelo Senhor e por Sua Obra,
Aldo & Beth, Auana e Kauã
13.12.10
Neste segundo semestre de 2010 participamos junto com um indígena de aldeia Cerrito, do Fórum Brasileiro sobre o Uso das Escrituras em Línguas Indígenas, na cidade de Anápolis – GO. Muitos irmãos indígenas, de diferentes etnias de todo Brasil, também estiveram lá. Durante o fórum houve discussão em grupos sobre temas como tradução, contextualização, plantação de igrejas, músicas étnicas e adoração. Na parte da tarde, ocorriam as oficinas sobre o uso das Escrituras para famílias, crianças, portadores de necessidades especiais, prevenção do uso abusivo de álcool, além de estratégias sobre como usar as Escrituras através da mídia e da alfabetização. Ocorriam também oficinas sobre memorização das Escrituras e sobre princípios de tradução bíblica. Já à noite, havia um tempo de exposição da Palavra, com testemunhos e muito louvor nas línguas indígenas. Foram dias especiais para todos os participantes, e marcante para mim e o Adilson Guarani. As fotos nesta carta são deste fórum.
Ficamos muito contentes em saber do interesse de mais pessoas em ouvir os estudos bíblicos lá na aldeia. Uma pessoa em especial que quero compartilhar é a dona Benilda. Ela é uma pessoa já de certa idade, e com algumas limitações físicas, mesmo assim, todo domingo pela manhã, ela faz uma longa caminha até a casa do Adilson e Vanuíria para ouvir a Palavra de Deus. Louvamos ao Senhor, por que no passado, este era um campo fechado para o Evangelho e hoje as pessoas desejam ouvir a Sua Palavra.
A Auana precisou fazer uma pequena cirurgia por causa de um aparecimento ósseo anormal na sua perna esquerda, que estava afetando seu crescimento. A cirurgia já era esperada e foi realizada sem maiores problemas na cidade de Campo Grande – MS. O que nos pegou de surpresa foi um rompimento do meu tendão de Aquiles direito. Precisei fazer uma cirurgia de urgência. Graças a Deus também foi tudo bem. Agora estamos eu e Auana de botas brancas de gesso. Ela fica livre do gesso antes do natal, eu vou virar o ano de “molho”, e só me livrar perto de fevereiro de 2011.
Por causa de nossa recuperação que implica em retornos médicos, curativos e repouso, tivemos que mudar os planos de retorno para a Aldeia Cerrito. Queríamos fazer isso agora em dezembro, mas adiamos para o início do próximo mês de janeiro.
Outro motivo de louvor é a que a Beth concluiu seu curso técnico de enfermagem. Cremos que este curso poderá ser útil na aldeia, e uma ferramenta estratégica para abrir novos trabalhos em outras tribos no futuro, se assim o Senhor nos permitir.
Finalmente, desejamos um FELIZ NATAL, e que a doce paz de Jesus esteja em seus coração e sua preciosa família! Somos gratos a Deus por você se engajar conosco na Plantação de Igreja entre os Guarani. Esperamos que o ANO 2011 seja de grandes vitórias na Obra de Deus.
Pelo Senhor e por Sua Obra,
Aldo & Beth, Auana e Kauã
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Predestinação e Livre Arbítrio
Predestinação e Livre Arbítrio
Provavelmente não houve assunto mais debatido na história da Igreja do que a predestinação dos santos e, consequentemente, se o homem possui ou não papel ativo no processo de salvação. Então gostaria de deixar claro, já no início deste ensaio, que não pretendo de forma alguma encerrar a questão deste debate. Sei que seria pretensão demais de minha parte – eu, apenas um curioso sobre o assunto – desejar isto. Nos poucos parágrafos a seguir eu pretendo apenas expor um pouco sobre esta controvérsia e chamar a atenção a alguns questionamentos sobre o assunto que me fizeram mudar de opinião. Como eu já fui calvinista e não sou mais, um título alternativo ao escolhido poderia ser “Porque não sou mais calvinista”.
Pois bem, o primeiro esboço desta discussão começou no século IV entre Agostinho de Hipona e Pelágio. Já no final do século XVI, Jacó Armínio e discípulos de João Calvino voltaram a debater a questão em torno da predestinação. Isto não quer dizer que não houve outros focos de debates ao longo da história, apenas que estes supracitados foram os maiores importantes. Existem, basicamente, duas formas gerais de pensar sobre a salvação:
Monergismo: Apenas Deus age em todo o processo soteriológico: Ele busca, resgata, justifica, salva e glorifica o homem. E o que o homem tem que fazer? Nada, apenas “relaxa e goza” (a pérola de Marta Suplicy se encaixa perfeitamente na posição monergista). De acordo com o Monergismo, Deus predestina o homem à salvação independentemente do que o homem fizer ou desejar, pois, para o monergista, até o ato de “querer”, do homem, é predestinado por Deus.
Sinergismo: Homem e Deus agem mutuamente no processo de Salvação. Em linhas gerais, Deus concede ao homem uma “graça comum” e, se o homem responder positivamente a essa Graça, Deus o predestina à salvação.
Existem as posições mais extremas de ambas as posições. Os lados mais extremos do monergismo chegam a dizer que Deus predestinou de forma ativa o pecado original de Adão para salvar e condenar quem Ele bem quiser. Desta forma, nossos pecados, nossos erros, nossos acertos, toda nossa vida em geral, os males que acontecem no mundo, tudo que de bem ocorre, enfim, tudo está predestinado de acordo com essa posição mais radical, chamada de “supralápsaria”. O reformador protestante Zuínglio (1484 – 1531), apenas para citar um exemplo, era adepto desse extremismo.
O sinergismo também tem seus defensores extremos chegando quase a afirmar que Deus não exerce papel nenhum no processo de salvação do indivíduo. O homem que quiser, busca e encontra a salvação quando quiser. Não há Graça ou preferências da parte de Deus. Esta posição mais extrema foi apontada por Pelágio (≈350 – ≈423) e ironicamente é freqüentemente observada em algumas igrejas evangélicas hoje em dia.
Teólogos mais ponderados evitam seguir por esses extremos. O monergismo extremo elimina a necessidade de sermos pessoas boas, pois, podemos ser mais cruéis que Hitler, mas, caso predestinados, Deus nos salvará. Já o sinergismo extremo torna o sacrifício de Cristo vão já que, em última análise, todo o esforço para ser ou não salvo depende do homem.
É razoável descartar automaticamente as duas posições extremas por não serem bíblicas. A Bíblia afirma tanto que não seríamos nada sem o sacrifício de Cristo quanto que o homem é responsável pelos seus atos e que a fonte de Água Viva está disponível para quem quiser beber dEla. O teólogo Russell Norman Champlin, PhD., em seu gigantesco comentário versículo por versículo do Novo Testamento, disse que tanto a predestinação dos Santos quanto a garantia que todas as pessoas tem acesso livre à salvação são doutrinas bíblicas claras e que ele não sabia no momento como conciliá-las, tendendo ora para o monergismo, ora para o sinergismo.
Martinho Lutero (1483 – 1546) foi um dos que mudou sua posição, do monergismo para o sinergismo, após anos defendendo a doutrina da predestinação absoluta dos Santos. Lutero chegou a afirmar, por exemplo, que, se o livre arbítrio existe, ele é um “pecado” e, portanto, não pode ter sido criado por Deus.
Seguindo as posições moderadas sobre a Salvação podemos, entretanto, traçar alguns caminhos comuns tanto para o monergismo quanto para o sinergismo:
- O ser humano jamais conheceria Deus, caso Deus decidisse não se identificar a ele.
- O “primeiro passo” no processo soteriológico foi dado por Deus ao decidir se relacionar com o homem caído.
- Alguns homens responderam positivamente ao chamado a essa relação, outros negativamente. Os que responderam positivamente são chamados “filhos de Deus”.
- O sacrifício de Cristo é necessário e eficaz para que essa relação “Deus x Homem” aconteça.
- É dada ao homem a obrigação de seguir um padrão moral específico se ele responder a este chamado divino. O não cumprimento de alguns aspectos deste padrão moral implica em Condenação.
- Todos os seres humanos pecam, inclusive aqueles que aceitam relacionar-se com o Criador. Porém, os que responderam positivamente ao chamado de Deus são justificados por causa do sacrifício de Jesus.
- Deus garantiu a salvação a seus filhos.
A principal problemática nos pontos acima é: o homem responde ao chamado divino por ter sido predestinado (predestinação pela soberania, monergismo) ou ele foi predestinado por ter respondido positivamente ao chamado (predestinação pela presciência, sinergismo)?
A discussão aqui é bastante ampla. Escreve-se um compêndio enorme apenas expondo as interpretações de citações de algumas pessoas que já escreveram sobre a pergunta acima.
Por alguns anos eu segui a posição calvinista para responder a esta problemática. Os calvinistas justificam que Deus é soberano e não depende de ninguém para tomar suas decisões; que se fosse o contrário, a salvação dependeria em última análise do fator “livre arbítrio humano” e, assim, a salvação aconteceria por uma obra do homem; que o homem não poderia tomar uma decisão tão importante espiritualmente antes de ser justificado, etc.
Após refletir um pouco, eu percebi alguns equívocos na posição calvinista. E também alguns questionamentos surgem caso defendamos esta posição. Alguns:
- Qualquer pessoa que tenha o mínimo de bom senso usa critérios para tomar decisões e pensa nas consequências das mesmas. Apenas pessoas insensatas tomam decisões sem levar nenhum aspecto em consideração. Deus, que é infinitamente mais inteligente que o maior sábio homem e que ainda têm o atributo de ser Onisciente, não tomaria uma decisão sem ter critérios e sem levar em conta as conseqüências desta. O exemplo bíblico de Jacó e Esaú (antes de praticarem o bem ou mal, Deus amou Jacó e rejeitou Esaú) que é muito usado pelos calvinistas simplesmente não cabe aqui. O “antes de praticaram o bem ou o mal” indica apenas que os atos realizados por Jacó ou Esaú eram irrelevantes para o plano que Deus já havia planejado para Jacó. Deus teve um plano (que era o surgimento de Israel e, vindo dela, o Messias) e Jacó era a pessoa certa de quem Israel iria advir. Talvez pela sua personalidade ou pela forma com que seus filhos seriam educados, diferentemente do que seria caso Esaú fosse o pai, etc. Neste sentido, “antes de praticarem bem ou mal” (pois isto seria inútil), Deus havia escolhido Jacó para ser o pai das doze tribos que iriam compor Israel, pois, de acordo com o plano de Deus, os doze filhos de Israel (que deram origem as doze tribos e consequentemente à nação de Israel) deveriam ter um pai com a personalidade de Jacó. Além de outros aspectos que poderiam ser citados.
- É muito dito que se o homem tivesse a liberdade de escolher ou rejeitar a salvação Deus não seria soberano, mas, eu pergunto, se Deus quisesse conceder ao ser humano o direito de escolher se ele quer ou não a salvação, onde Deus deixaria de ser Soberano? Em que ponto Deus seria menos Soberano? Na verdade, Deus teria sua soberania ferida se Ele não pudesse criar um homem com liberdade de escolha. Quando um calvinista diz que Deus não seria soberano se a escolha da salvação dependesse do homem, o calvinista está, na verdade, afirmando que Deus não pôde criar um homem assim (mesmo que Ele tivesse desejado isto). Mas, se Deus não pode criar um homem com liberdade de escolha, logo Onipotente Deus não é. Temos uma "sinuca de bico". Se Deus é Onipotente, Ele pode muito bem ter concedido ao homem o livre-arbítrio de escolher se este quer ou não se relacionar com Ele sem deixar de ser Soberano. Um pai não deixa de ser soberano em sua casa se ele deixa o filho escolher ser quer torcer pelo Cruzeiro ou Atlético, ou se ele quer cursar Medicina ou Direito, ou se ele quer ter cabelo curto ou longo, ou se quer aprender a andar de bicicleta ou a tocar violão. Um pai que obriga o filho a alguma das escolhas acima, não é soberano e sim autoritário.
- Se a teoria da predestinação pela presciência – sinergismo - for correta a salvação não está, em última análise, dependendo do homem como afirmam os calvinistas. Muito menos a escolha é uma “obra” do homem conforme a Bíblia trata o termo “obra”, quando diz que “a salvação não é pelas obras”. Imagine o exemplo: eu sou um milionário, sou podre de rico, e você está atolado em dívidas e sem solução; eu ofereço a você a quantia de R$100.000,00 se você disser que quer. Você diz que quer e eu te dou esta quantia. Acaso o milionário deixou de ser o responsável efetivo por você ganhar R$100.000,00, apenas porque você disse “sim, eu quero”? Ou foi você o fator determinante de ter recebido R$100.000,00? Ou ainda, pode você afirmar que conquistou estes R$100.000,00 pelas suas obras, ou pelo seu mérito? Se você responder honestamente cada resposta, ela será "não". Algum calvinista pode dizer: “Mas no tocante à salvação a nossa situação é diferente!”. Claro, estávamos muito mais perdidos do que o pior devedor deste planeta e o presente que Deus nos deu é muito maior que qualquer fortuna deste mundo pode pagar!, ou seja, mesmo que Deus tivesse dito, “A salvação é para quem quiser, e ainda é necessário que vocês amputem um de seus pés para merecê-la”, mesmo assim o fator determinante e efetivo para a salvação do indivíduo será Deus, não o indivíduo.
- Não necessariamente o homem tem de ser justificado para tomar boas decisões ou praticar boas obras. Ora, os justificados não tomam más decisões até hoje? E não existem não-cristãos que tomam boas decisões hoje em dia? Gandhi, que não era cristão, não fez maravilhas? Filósofos ao longo da história não pensaram quase corretamente sobre Deus sem necessariamente serem cristãos? Não havia um Centurião em Cesaréia chamado Cornélio que era piedoso e temente a Deus antes mesmo de Pedro lá chegar com a mensagem do Evangelho? Não estou afirmando que o homem pode se achegar a Deus ou pode escolher amar a Deus sem o auxílio da Graça – isso é pelagianismo. A teoria da predestinação pela presciência não diz que o homem escolhe servir a Deus sem a Graça. Ela diz que Deus “manifestou sua Graça salvadora a todos os homens” para que estes escolhessem se queriam ou não receber o presente da salvação. Os que aceitaram o presente da salvação foram predestinados por Deus. Os que rejeitaram, rejeitaram porque assim quiseram. Mas houve o auxílio da Graça a ambos os grupos. E, justamente, quem rejeitou será recompensado.
- Justiça implica em compensar bem ao bem e mal ao mal. Condenar pessoas que não tiveram nenhuma escolha sobre a salvação ou cuja decisão era impossível para elas, não é justo. Você que for pai, pense nesse exemplo: seu filho está na escola. No bimestre são distribuídos 25 pontos e a média para passar são 15 pontos. Nas duas primeiras avaliações valendo 8 pontos seu filho adoece e não pode ir à escola e perde os pontos. Restam 9 pontos a serem distribuídos e aí você lembra ao seu filho: “Como combinamos, se você tirar nota azul neste bimestre, eu vou te dar aquele vídeo game que você tanto quer; se tirar nota vermelha, jamais terá o vídeo game e ainda vai tomar umas correiadas”. Qualquer um responderia que o pai estaria agindo injustamente. Por que? Ora, pois o pai puniu o filho, mesmo sabendo que ele não tinha outra opção a não ser tirar nota vermelha. Na teoria predestinação pela soberania, Deus pune eternamente pessoas a quem Ele não deu chances de escolher amá-lo. Aliás, Deus deu sim, mas uma escolha impossível de se fazer sem o auxílio da Graça (que Ele, de acordo com o calvinismo, não concedeu às pessoas “rejeitadas”). Resumindo a posição calvinista a um amigo que a estava defendo, eu assim o fiz:
“Deus cria as pessoas, predestina todos os atos de todas as pessoas, inclusive seus erros e seus acertos. Então, por causa do Grande Erro cometido pelos seres humanos (que também foi predestinado por Ele), Ele coloca todas as pessoas sob condenação. Assim, ele escolhe alguns dentre os bilhões de seres humanos existentes (por alguma razão Ele adora os ocidentais), provê a eles um Caminho para a salvação enquanto Ele endurece cada vez mais o coração dos não-escolhidos. Então, no fim, Ele salva os escolhidos e condena os não-escolhidos como Ele já havia planejado. Deus é mal? Deus é cruel? Não! Ele apenas condenou aqueles que não O buscaram – aqueles que Ele impediu que O buscassem.”
Voltando à analogia do Pai, imagine se o ele dissesse ao seu filho: “Filho, sei que nosso combinado era que eu te daria o vídeo game apenas se tirasse nota azul, mas reconheço que você não teve outra opção neste bimestre a não ser tirar nota vermelha. Vou reconsiderar sua situação, quer o vídeo game?". Respondendo que sim, o pai deixaria de ser soberano se assim agisse? Deixaria de agir justamente por ter revisto os termos do acordo? Se você responder honestamente cada resposta, a resposta também será "não".
Tenho pensado nessas questões nos últimos meses. Por um lado, a Bíblia contém passagens claras apontando que Deus tem um povo eleito e que a escolha é feita por Deus, não por nós. Por outro, temos o testemunho da própria Bíblia garantindo que todos podem beber da Fonte de Águas Vivas, Jesus, que deseja que todas as pessoas se salvem (I Timóteo 2:3).
Entretanto, meu próprio senso de identidade, minha personalidade, meu ego, meu “eu” – tudo isto testifica a mim mesmo que sou livre. Posso pensar em abandonar Deus ou posso decidir amá-lo cada dia mais. A verdade é que não sou calvinista nem arminiano (mas certamente mais arminiano que calvinista). Talvez eu seja um calvinista de três pontos? Um calvinista de dois pontos e meio? Ou um arminiano de dois pontos? É cedo para dizer, tenho que ler muito ainda.
Mas, para concluir, eu sei que alguns calvinistas lerão este texto e, com certeza, irão me criticar, mas é tentador e delicioso responder a todos eles que, se a predestinação pela soberania aconteceu de fato e, afinal de contas, tudo está destinado a acontecer, logo, eu estou destinado (pela vontade soberana de Deus) a crer na predestinação pela presciência e consequentemente eu não tenho liberdade para pensar diferente. Logo, criticar a minha posição é criticar a vontade do próprio Deus.
Que pecado absurdo, hein!?
Eliel Vieira
Marcadores: Calvinismo , Filosofia , Teologia
tweet
Enviado por AL
Nota - O pensamento do autor não condiz com a posição da direção desse Blog, visto que a posição que defendemos não é uma predestinação fatalista (vide comentário) positivamente e negativamente, ou seja: eleição e preterição, porém, acredito na mensagem da Escritura que Deus faz as coisas como lhe apraz e segundo o conselho de sua vontade.
Provavelmente não houve assunto mais debatido na história da Igreja do que a predestinação dos santos e, consequentemente, se o homem possui ou não papel ativo no processo de salvação. Então gostaria de deixar claro, já no início deste ensaio, que não pretendo de forma alguma encerrar a questão deste debate. Sei que seria pretensão demais de minha parte – eu, apenas um curioso sobre o assunto – desejar isto. Nos poucos parágrafos a seguir eu pretendo apenas expor um pouco sobre esta controvérsia e chamar a atenção a alguns questionamentos sobre o assunto que me fizeram mudar de opinião. Como eu já fui calvinista e não sou mais, um título alternativo ao escolhido poderia ser “Porque não sou mais calvinista”.
Pois bem, o primeiro esboço desta discussão começou no século IV entre Agostinho de Hipona e Pelágio. Já no final do século XVI, Jacó Armínio e discípulos de João Calvino voltaram a debater a questão em torno da predestinação. Isto não quer dizer que não houve outros focos de debates ao longo da história, apenas que estes supracitados foram os maiores importantes. Existem, basicamente, duas formas gerais de pensar sobre a salvação:
Monergismo: Apenas Deus age em todo o processo soteriológico: Ele busca, resgata, justifica, salva e glorifica o homem. E o que o homem tem que fazer? Nada, apenas “relaxa e goza” (a pérola de Marta Suplicy se encaixa perfeitamente na posição monergista). De acordo com o Monergismo, Deus predestina o homem à salvação independentemente do que o homem fizer ou desejar, pois, para o monergista, até o ato de “querer”, do homem, é predestinado por Deus.
Sinergismo: Homem e Deus agem mutuamente no processo de Salvação. Em linhas gerais, Deus concede ao homem uma “graça comum” e, se o homem responder positivamente a essa Graça, Deus o predestina à salvação.
Existem as posições mais extremas de ambas as posições. Os lados mais extremos do monergismo chegam a dizer que Deus predestinou de forma ativa o pecado original de Adão para salvar e condenar quem Ele bem quiser. Desta forma, nossos pecados, nossos erros, nossos acertos, toda nossa vida em geral, os males que acontecem no mundo, tudo que de bem ocorre, enfim, tudo está predestinado de acordo com essa posição mais radical, chamada de “supralápsaria”. O reformador protestante Zuínglio (1484 – 1531), apenas para citar um exemplo, era adepto desse extremismo.
O sinergismo também tem seus defensores extremos chegando quase a afirmar que Deus não exerce papel nenhum no processo de salvação do indivíduo. O homem que quiser, busca e encontra a salvação quando quiser. Não há Graça ou preferências da parte de Deus. Esta posição mais extrema foi apontada por Pelágio (≈350 – ≈423) e ironicamente é freqüentemente observada em algumas igrejas evangélicas hoje em dia.
Teólogos mais ponderados evitam seguir por esses extremos. O monergismo extremo elimina a necessidade de sermos pessoas boas, pois, podemos ser mais cruéis que Hitler, mas, caso predestinados, Deus nos salvará. Já o sinergismo extremo torna o sacrifício de Cristo vão já que, em última análise, todo o esforço para ser ou não salvo depende do homem.
É razoável descartar automaticamente as duas posições extremas por não serem bíblicas. A Bíblia afirma tanto que não seríamos nada sem o sacrifício de Cristo quanto que o homem é responsável pelos seus atos e que a fonte de Água Viva está disponível para quem quiser beber dEla. O teólogo Russell Norman Champlin, PhD., em seu gigantesco comentário versículo por versículo do Novo Testamento, disse que tanto a predestinação dos Santos quanto a garantia que todas as pessoas tem acesso livre à salvação são doutrinas bíblicas claras e que ele não sabia no momento como conciliá-las, tendendo ora para o monergismo, ora para o sinergismo.
Martinho Lutero (1483 – 1546) foi um dos que mudou sua posição, do monergismo para o sinergismo, após anos defendendo a doutrina da predestinação absoluta dos Santos. Lutero chegou a afirmar, por exemplo, que, se o livre arbítrio existe, ele é um “pecado” e, portanto, não pode ter sido criado por Deus.
Seguindo as posições moderadas sobre a Salvação podemos, entretanto, traçar alguns caminhos comuns tanto para o monergismo quanto para o sinergismo:
- O ser humano jamais conheceria Deus, caso Deus decidisse não se identificar a ele.
- O “primeiro passo” no processo soteriológico foi dado por Deus ao decidir se relacionar com o homem caído.
- Alguns homens responderam positivamente ao chamado a essa relação, outros negativamente. Os que responderam positivamente são chamados “filhos de Deus”.
- O sacrifício de Cristo é necessário e eficaz para que essa relação “Deus x Homem” aconteça.
- É dada ao homem a obrigação de seguir um padrão moral específico se ele responder a este chamado divino. O não cumprimento de alguns aspectos deste padrão moral implica em Condenação.
- Todos os seres humanos pecam, inclusive aqueles que aceitam relacionar-se com o Criador. Porém, os que responderam positivamente ao chamado de Deus são justificados por causa do sacrifício de Jesus.
- Deus garantiu a salvação a seus filhos.
A principal problemática nos pontos acima é: o homem responde ao chamado divino por ter sido predestinado (predestinação pela soberania, monergismo) ou ele foi predestinado por ter respondido positivamente ao chamado (predestinação pela presciência, sinergismo)?
A discussão aqui é bastante ampla. Escreve-se um compêndio enorme apenas expondo as interpretações de citações de algumas pessoas que já escreveram sobre a pergunta acima.
Por alguns anos eu segui a posição calvinista para responder a esta problemática. Os calvinistas justificam que Deus é soberano e não depende de ninguém para tomar suas decisões; que se fosse o contrário, a salvação dependeria em última análise do fator “livre arbítrio humano” e, assim, a salvação aconteceria por uma obra do homem; que o homem não poderia tomar uma decisão tão importante espiritualmente antes de ser justificado, etc.
Após refletir um pouco, eu percebi alguns equívocos na posição calvinista. E também alguns questionamentos surgem caso defendamos esta posição. Alguns:
- Qualquer pessoa que tenha o mínimo de bom senso usa critérios para tomar decisões e pensa nas consequências das mesmas. Apenas pessoas insensatas tomam decisões sem levar nenhum aspecto em consideração. Deus, que é infinitamente mais inteligente que o maior sábio homem e que ainda têm o atributo de ser Onisciente, não tomaria uma decisão sem ter critérios e sem levar em conta as conseqüências desta. O exemplo bíblico de Jacó e Esaú (antes de praticarem o bem ou mal, Deus amou Jacó e rejeitou Esaú) que é muito usado pelos calvinistas simplesmente não cabe aqui. O “antes de praticaram o bem ou o mal” indica apenas que os atos realizados por Jacó ou Esaú eram irrelevantes para o plano que Deus já havia planejado para Jacó. Deus teve um plano (que era o surgimento de Israel e, vindo dela, o Messias) e Jacó era a pessoa certa de quem Israel iria advir. Talvez pela sua personalidade ou pela forma com que seus filhos seriam educados, diferentemente do que seria caso Esaú fosse o pai, etc. Neste sentido, “antes de praticarem bem ou mal” (pois isto seria inútil), Deus havia escolhido Jacó para ser o pai das doze tribos que iriam compor Israel, pois, de acordo com o plano de Deus, os doze filhos de Israel (que deram origem as doze tribos e consequentemente à nação de Israel) deveriam ter um pai com a personalidade de Jacó. Além de outros aspectos que poderiam ser citados.
- É muito dito que se o homem tivesse a liberdade de escolher ou rejeitar a salvação Deus não seria soberano, mas, eu pergunto, se Deus quisesse conceder ao ser humano o direito de escolher se ele quer ou não a salvação, onde Deus deixaria de ser Soberano? Em que ponto Deus seria menos Soberano? Na verdade, Deus teria sua soberania ferida se Ele não pudesse criar um homem com liberdade de escolha. Quando um calvinista diz que Deus não seria soberano se a escolha da salvação dependesse do homem, o calvinista está, na verdade, afirmando que Deus não pôde criar um homem assim (mesmo que Ele tivesse desejado isto). Mas, se Deus não pode criar um homem com liberdade de escolha, logo Onipotente Deus não é. Temos uma "sinuca de bico". Se Deus é Onipotente, Ele pode muito bem ter concedido ao homem o livre-arbítrio de escolher se este quer ou não se relacionar com Ele sem deixar de ser Soberano. Um pai não deixa de ser soberano em sua casa se ele deixa o filho escolher ser quer torcer pelo Cruzeiro ou Atlético, ou se ele quer cursar Medicina ou Direito, ou se ele quer ter cabelo curto ou longo, ou se quer aprender a andar de bicicleta ou a tocar violão. Um pai que obriga o filho a alguma das escolhas acima, não é soberano e sim autoritário.
- Se a teoria da predestinação pela presciência – sinergismo - for correta a salvação não está, em última análise, dependendo do homem como afirmam os calvinistas. Muito menos a escolha é uma “obra” do homem conforme a Bíblia trata o termo “obra”, quando diz que “a salvação não é pelas obras”. Imagine o exemplo: eu sou um milionário, sou podre de rico, e você está atolado em dívidas e sem solução; eu ofereço a você a quantia de R$100.000,00 se você disser que quer. Você diz que quer e eu te dou esta quantia. Acaso o milionário deixou de ser o responsável efetivo por você ganhar R$100.000,00, apenas porque você disse “sim, eu quero”? Ou foi você o fator determinante de ter recebido R$100.000,00? Ou ainda, pode você afirmar que conquistou estes R$100.000,00 pelas suas obras, ou pelo seu mérito? Se você responder honestamente cada resposta, ela será "não". Algum calvinista pode dizer: “Mas no tocante à salvação a nossa situação é diferente!”. Claro, estávamos muito mais perdidos do que o pior devedor deste planeta e o presente que Deus nos deu é muito maior que qualquer fortuna deste mundo pode pagar!, ou seja, mesmo que Deus tivesse dito, “A salvação é para quem quiser, e ainda é necessário que vocês amputem um de seus pés para merecê-la”, mesmo assim o fator determinante e efetivo para a salvação do indivíduo será Deus, não o indivíduo.
- Não necessariamente o homem tem de ser justificado para tomar boas decisões ou praticar boas obras. Ora, os justificados não tomam más decisões até hoje? E não existem não-cristãos que tomam boas decisões hoje em dia? Gandhi, que não era cristão, não fez maravilhas? Filósofos ao longo da história não pensaram quase corretamente sobre Deus sem necessariamente serem cristãos? Não havia um Centurião em Cesaréia chamado Cornélio que era piedoso e temente a Deus antes mesmo de Pedro lá chegar com a mensagem do Evangelho? Não estou afirmando que o homem pode se achegar a Deus ou pode escolher amar a Deus sem o auxílio da Graça – isso é pelagianismo. A teoria da predestinação pela presciência não diz que o homem escolhe servir a Deus sem a Graça. Ela diz que Deus “manifestou sua Graça salvadora a todos os homens” para que estes escolhessem se queriam ou não receber o presente da salvação. Os que aceitaram o presente da salvação foram predestinados por Deus. Os que rejeitaram, rejeitaram porque assim quiseram. Mas houve o auxílio da Graça a ambos os grupos. E, justamente, quem rejeitou será recompensado.
- Justiça implica em compensar bem ao bem e mal ao mal. Condenar pessoas que não tiveram nenhuma escolha sobre a salvação ou cuja decisão era impossível para elas, não é justo. Você que for pai, pense nesse exemplo: seu filho está na escola. No bimestre são distribuídos 25 pontos e a média para passar são 15 pontos. Nas duas primeiras avaliações valendo 8 pontos seu filho adoece e não pode ir à escola e perde os pontos. Restam 9 pontos a serem distribuídos e aí você lembra ao seu filho: “Como combinamos, se você tirar nota azul neste bimestre, eu vou te dar aquele vídeo game que você tanto quer; se tirar nota vermelha, jamais terá o vídeo game e ainda vai tomar umas correiadas”. Qualquer um responderia que o pai estaria agindo injustamente. Por que? Ora, pois o pai puniu o filho, mesmo sabendo que ele não tinha outra opção a não ser tirar nota vermelha. Na teoria predestinação pela soberania, Deus pune eternamente pessoas a quem Ele não deu chances de escolher amá-lo. Aliás, Deus deu sim, mas uma escolha impossível de se fazer sem o auxílio da Graça (que Ele, de acordo com o calvinismo, não concedeu às pessoas “rejeitadas”). Resumindo a posição calvinista a um amigo que a estava defendo, eu assim o fiz:
“Deus cria as pessoas, predestina todos os atos de todas as pessoas, inclusive seus erros e seus acertos. Então, por causa do Grande Erro cometido pelos seres humanos (que também foi predestinado por Ele), Ele coloca todas as pessoas sob condenação. Assim, ele escolhe alguns dentre os bilhões de seres humanos existentes (por alguma razão Ele adora os ocidentais), provê a eles um Caminho para a salvação enquanto Ele endurece cada vez mais o coração dos não-escolhidos. Então, no fim, Ele salva os escolhidos e condena os não-escolhidos como Ele já havia planejado. Deus é mal? Deus é cruel? Não! Ele apenas condenou aqueles que não O buscaram – aqueles que Ele impediu que O buscassem.”
Voltando à analogia do Pai, imagine se o ele dissesse ao seu filho: “Filho, sei que nosso combinado era que eu te daria o vídeo game apenas se tirasse nota azul, mas reconheço que você não teve outra opção neste bimestre a não ser tirar nota vermelha. Vou reconsiderar sua situação, quer o vídeo game?". Respondendo que sim, o pai deixaria de ser soberano se assim agisse? Deixaria de agir justamente por ter revisto os termos do acordo? Se você responder honestamente cada resposta, a resposta também será "não".
Tenho pensado nessas questões nos últimos meses. Por um lado, a Bíblia contém passagens claras apontando que Deus tem um povo eleito e que a escolha é feita por Deus, não por nós. Por outro, temos o testemunho da própria Bíblia garantindo que todos podem beber da Fonte de Águas Vivas, Jesus, que deseja que todas as pessoas se salvem (I Timóteo 2:3).
Entretanto, meu próprio senso de identidade, minha personalidade, meu ego, meu “eu” – tudo isto testifica a mim mesmo que sou livre. Posso pensar em abandonar Deus ou posso decidir amá-lo cada dia mais. A verdade é que não sou calvinista nem arminiano (mas certamente mais arminiano que calvinista). Talvez eu seja um calvinista de três pontos? Um calvinista de dois pontos e meio? Ou um arminiano de dois pontos? É cedo para dizer, tenho que ler muito ainda.
Mas, para concluir, eu sei que alguns calvinistas lerão este texto e, com certeza, irão me criticar, mas é tentador e delicioso responder a todos eles que, se a predestinação pela soberania aconteceu de fato e, afinal de contas, tudo está destinado a acontecer, logo, eu estou destinado (pela vontade soberana de Deus) a crer na predestinação pela presciência e consequentemente eu não tenho liberdade para pensar diferente. Logo, criticar a minha posição é criticar a vontade do próprio Deus.
Que pecado absurdo, hein!?
Eliel Vieira
Marcadores: Calvinismo , Filosofia , Teologia
tweet
Enviado por AL
Nota - O pensamento do autor não condiz com a posição da direção desse Blog, visto que a posição que defendemos não é uma predestinação fatalista (vide comentário) positivamente e negativamente, ou seja: eleição e preterição, porém, acredito na mensagem da Escritura que Deus faz as coisas como lhe apraz e segundo o conselho de sua vontade.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Quartel de violência no Rio de Janeiro
O que estamos presenciando nestes últimos dias no Rio de Janeiro através da mídia é o que podemos chamar de: “Quartel da violência”.
Neste momento é interessante se fazer algumas perguntas, embora não tenham elas respostas, porém, é fundamental que se questione:
1. Como se originaram tanto consumo de drogas?
2. Por que os traficantes ganharam tanto espaço naqueles morros?
3. Por que a Secretaria de Segurança Pública só agora resolveu dá um basta?
4. O governo em si teve medo de invadir os morros?
Pois bem, diante de tantos questionamentos, prescisamos conhecer a origem de todos estes enfoques.
Certamente, não precisamos ir tão longe para descobrimos que tudo isso tem origem numa sociedade injusta e comprometida com o pecado.
Quero fazer dois destaques que, acredito serem eles de grande valia neste momento:
1. A maioria dessa bandidagem tem origem nas famílias, cujas famílias estão desestruturadas, sem meios de sobrevivência, vivendo sem graça do evangelho e sobretudo, filhos sem orientação crecem sem respeito, amor, carinho e educação. Não dá outra; SEMPRE SERÃO BANDIDOS. Mães solteiras têm produzidos filhos nesses termos. Criados sem pai, sem autoridade dentro de casa e na companhia de pessoas más. O resultado de tudo isso é que podemos presenciar no Rio de Janeiro e outras capitais e cidades de nosso país.
2. A injustiça social. O crescimento demográfico cresce sem nenhuma estrutura. A política dos governos tanto municipal, estadual e federal não oferece nenhum meio concentrado para que se possam solucionar estes problemas que afetam tremendamente a nossa nação. O dinheiro corre aceleradamente para a mão de poucos, políticos, apenas tem pensado neles mesmo. E assim não temos alternativas e as pessoas sem educação e orientação e sem o temor de Deus, o que fazem é isso mesmo. Assim como a Bíblia diz que não ignoremos os ardis de Satanás, assim também não ignoramos o que essa gente desprovida da graça de Deus é capaz de fazer.
Que solução podemos apresentar? Que os nossos governos invistam em educação e em uma política social com venha beneficiar os menos favorecidos proporcionando-lhes: moradia, educação, saúde e emprego. E a igreja evangélica brasileira cumpra o seu papel na intensificação da pregação do evangelho de Cristo, que pode mudar o homem por completo.
Prof. Cornélio Gonzaga
Assinar:
Postagens (Atom)